Avião que caiu em aldeia indígena em SP não tinha caixa-preta; causas são investigadas
12/03/2025
(Foto: Reprodução) Modelo da aeronave costuma não ter o equipamento com sistema de gravação de voz e dados. O Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) realiza investigações para entender a dinâmica e os fatores que contribuíram para a queda do avião. Cenipa investiga queda de aeronave que atingiu aldeia indígena em Peruíbe, SP
Reprodução/TV Tribuna e Corpo de Bombeiros
O modelo da aeronave que caiu na aldeia indígena Awa Porangawa Dju, em Peruíbe, no litoral de São Paulo, não tem caixa-preta, conforme apurado pela TV Tribuna, afiliada da Globo. O equipamento com sistema de gravação de voz e dados poderia auxiliar o Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV) a esclarecer a causa da queda.
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O acidente aéreo ocorreu por volta das 17h50 de domingo (9), na Terra Indígena Piaçaguera, em uma área que faz limite com Itanhaém (SP). O avião era de modelo Cessna 150J, do Aeroclube da cidade, prefixo PT AKY e realizava um voo de instrução.
O instrutor de voo Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 25 anos, morreu no local. O aluno dele, de 24, foi encontrado ferido preso às ferragens, sendo encaminhado ao Hospital Regional Jorge Rossmann.
Vídeo mostra destroços de avião que caiu em aldeia no litoral de SP
Resistentes, as caixas-pretas dos aviões abrigam gravadores que registram as conversas entre os ocupantes e com o controle de tráfego aéreo. Além disso, o sistema contêm informações importantes sobre a aeronave, como altitude, velocidade, posição das manetes e botões acionados.
Com os dados e áudios, os investigadores podem entender a dinâmica e os fatores que contribuíram para a queda do avião. No entanto, como o modelo que caiu na aldeia indígena não tinha uma caixa-preta, as equipes do Seripa IV buscam outras forma de descobrir a causa do acidente.
Caixa preta da aeronave que caiu em Vinhedo (SP), em 09/08/2024
Divulgação/FAB
Investigações
O Seripa IV é um órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), equipes especializadas aplicaram técnicas -- não especificadas -- para coleta e confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação dos danos causados e levantamento de informações necessárias à apuração.
Testemunhas relataram que o sobrevivente encontrado ferido preso às ferragens pediu por ajuda e informou que o motor da aeronave teria parado de funcionar. Esta informação será confirmada com a conclusão das investigações.
De acordo com o registro aeronáutico brasileiro, o avião estava com as manutenções em dia e tinha autorização para voar até novembro deste ano.
Aeronave que caiu na aldeia indígena em Peruíbe (SP). Imagem registrada em 2023.
Defesa Civil de SP
Prazo para conclusão
Ainda conforme informado pela FAB, a conclusão da investigação deve ocorrer no menor prazo possível, dependendo da complexidade da ocorrência e da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. Assim que for concluído, o relatório final será publicado no site do Cenipa.
O órgão destacou que as investigações não têm o propósito de atribuir culpa ou responsabilidade civil ou criminal em um acidente aeronáutico.
"Os trabalhos realizados pelo Cenipa têm como objetivo principal contribuir para a prevenção de acidentes aeronáuticos, disseminando as lições aprendidas por meio dos relatórios finais de investigação", afirmou a FAB, por meio de nota.
A queda
Avião cai em aldeia indígena e deixa um morto e um ferido no litoral de SP
g1
Em entrevista à equipe de reportagem, o cacique da comunidade, Maurício Gonçalves (nome indígena Awa Dju), contou que a área atingida pela aeronave era habitada por uma família até poucos meses atrás.
No momento do acidente, Maurício não estava em casa, mas a família presenciou a queda do avião. A filha dele estava no quintal e contou ao cacique o que viu: "Ele [avião] vem planando bem baixinho com motores desligados. Quando volta a funcionar o motor, foi onde ele tentou subir o voo, mas embicou, deu aquele parafuso", disse Maurício à TV Tribuna, afiliada da Globo, reproduzindo o relato da jovem.
O cacique contou que os familiares estão acostumados com aeronaves voando em baixa altitude na região, mas se surpreenderam com a queda brusca. "O impacto fez um barulho muito forte, elas acharam até que tinha explodido. Vieram correndo para o local gritando se tinha algum machucado. Tinha só um ferido, o outro estava em óbito já", revelou.
Vídeo flagra avião rodopiando e caindo em cima de aldeia indígena no litoral de SP
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