Brasileiros relatam caos durante apagão que atingiu Espanha e Portugal: 'Desespero'; VÍDEO
29/04/2025
(Foto: Reprodução) Vários serviços foram interrompidos e aeroportos e estações de trem também foram afetados. Ex-moradores da Baixada Santista (SP) relatam medo de ficar sem alimentos nos próximos dias. Brasileiros compartilham expectativas após caos durante apagão na Espanha e em Portugal
O apagão de energia elétrica instaurou um cenário de caos na Espanha e Portugal. O g1 conversou com brasileiros que vivem em cidades portuguesas e relataram o pânico que o apagão gerou nos moradores e turistas. Eles também esperam que o apagão não volte a acontecer nos próximos dias e que os estabelecimentos sejam reabastecidos, já que muitos ficaram sem alimentos por conta do desespero das pessoas.
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O escritor Fellipe Rojas, de 25 anos, é de Santos, no litoral de São Paulo, e mora na cidade de Porto, em Portugal, há quase seis anos. Ele contou que trabalha com suporte técnico de aparelhos que medem o nível de coagulação no sangue e precisou continuar as atividades durante o apagão de energia.
"Não tinha presenciado nada relacionado com um apagão. Porém, o caos social que foi instaurado foi semelhante ao visto na pandemia", afirmou Rojas. "Nesses momentos de desespero, o pessoal não pensa no impacto do desabastecimento para um país. A lógica é mais egoísta. Não sabemos se teremos coisas nos mercados [nesta terça-feira (29)] porque compraram tudo [na segunda]".
A professora Yngrid Tarpini, de 24 anos, mora há três meses em Tavira, em Portugal, mas estava a passeio na cidade de Santa Luzia no momento do apagão. Ela precisou andar por uma hora e meia para chegar em casa porque os transportes públicos pararam de funcionar e não era possível acionar motoristas de aplicativos.
"Foi bem cansativo. Ao chegarmos [em Tavira], notamos que a cidade estava um pouco alvoroçada, os mercados já tinham fechado", contou Yngrid. "[Os comércios] também estavam com medo de durar por mais quatro dias, e não tinham estoque de alimento. Ficou um clima um pouco tenso", afirmou.
Yngrid Tarpini e Fellipe Rojas vivem em Portugal e compartilham momentos de tensão durante apagão
Arquivo pessoal
Falta de mantimento e notícias falsas
Rojas explicou que estava trabalhando no momento em que começou o apagão e precisou continuar as atividades porque presta serviços para regiões que não foram afetadas. A empresa tinha geradores garantindo o funcionamento do sistema operacional, mas ele e os colegas se dividiram para não ficarem muito tempo dentro do edifício, que estava sem ar-condicionado e água.
De acordo com o brasileiro, os transportes públicos não funcionavam, a maioria dos estabelecimentos fecharam e quase ninguém tinha gasolina. Além disso, os sinais das operadoras telefônicas estavam sobrecarregados e deixaram as pessoas incomunicáveis por horas.
O escritor destacou dois grandes problemas durante o apagão: a falta de mantimentos e a disseminação de notícias falsas. Rojas acredita que estes fatores continuarão atrapalhando a rotina nas regiões afetadas durante os próximos dias.
Fellipe Rojas registrou trânsito intenso por volta das 14h, o que não é comum em Porto, em Portugal
Arquivo pessoal
"Começaram a comprar tudo o que era possível dos mercados e as coisas acabaram sem que as pessoas que estavam trabalhando tivessem a oportunidade de comprá-las", explicou ele. "É importante aguardar pronunciamentos oficiais e não seguir mensagens dos grupos de WhatsApp", acrescentou.
Yngrid contou que as pessoas estavam com medo por acreditarem que o apagão iria durar alguns dias. "Eu também fiquei com bastante receio [...] Por ser uma cidade pequena, não teríamos tanto suporte na parte de alimentação", afirmou ela.
Gif mostra apagão em Portugal e Espanha
Reprodução
Próximos dias
O brasileiro afirmou que a sensação de ter energia elétrica depois de mais de oito horas foi ótima. Para os próximos dias, a maior preocupação de Rojas é a falta de mantimentos.
"Sem luz não dá para fazer nada", garantiu ele. "Se depender de hoje, há quem tenha comida para meses. Eu não pretendo fazer isso, pois acho desnecessário o pânico social. A recomendação da Comissão Europeia, em relação ao tal kit de emergência, é ter suprimentos para 3 dias, não 3 anos".
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