Hipertermia: entenda o que pode ter causado morte de cães durante transporte de pet shop no interior de SP
19/09/2025
(Foto: Reprodução) Cachorra morre após transporte em carro de pet shop
Arquivo pessoal
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) a provável causa da morte de três cachorros após ficarem 1h30 dentro de um carro sob cuidados de um petshop, no dia 11 de setembro, em Americana (SP) foi hipertermia.
Os cães tinham entre 8 e 11 anos e eram das raças shih tzu e lhasa apso. Eles pertenciam a uma senhora de 71 anos, que ficou em choque com a notícia. No dia da ocorrência, a cidade registrou mais de 33ºC e umidade do ar abaixo de 10%. O caso foi registrado como ato de abuso a animais no 1º DP de Americana. (Veja mais detalhes abaixo).
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O g1 conversou com a médica veterinária Sibila Weidman que explicou o que é, quais são os sinais e como evitar a hipertermia em cães e gatos.
Hipertermia: o que é?
Hipertermia é o aumento da temperatura corporal. Ela acontece quando o animal não consegue fazer sua regulação térmica.
Quais os sintomas?
Segundo a veterinária, a hipertermia pode levar a uma cascata de fatores, tais como vasodilatação, desidratação, insuficiência renal, edema cerebral, convulsões, choque térmico e morte.
Qualquer cão e gato está em risco de morrer por hipertermia, independentemente da idade. Filhotes correm tanto risco quanto cães adultos.
Quais raças estão mais sujeitas?
Animais braquicefálicos (de focinho curto) correm mais riscos por apresentar dificuldade respiratória. Veja a seguir as raças mais sujeitas:
Shih tzu
Pug
Pequinês
Gato persa
Qual a diferença entre hipertermia e estresse térmico?
O estresse térmico é quando o animal está sob pressão do ambiente, como locais muito quentes, com falta de ventilação e com pouca umidade.
A hipertermia é a situação extrema do estresse térmico, quando o animal não consegue mais fazer a regulação de calor e começa a ter uma cascada de eventos que o leva a óbito.
Como saber se meu pet está com estresse térmico?
Se o animal está amuado, apresenta vômitos e diarreia, pode ser sinal de estresse térmico. Já é um alerta para que os tutores ajam, a fim de evitar que o quadro evolua para uma hipertermia.
É possível reverter o quadro de hipertermia?
Mesmo quando o é socorrido, é muito difícil reverter o quadro, principalmente quando acontece edema cerebral.
Quais as situações mais comuns?
Infelizmente, a hipertermia acontece mais do se é documentado. Entre as situações mais comuns, estão:
durante secagem em banho e tosa;
cães deixados em espaços em quintais ou sacadas de apartamentos, durante dias quentes, sem acesso à sombra;
transporte de trajetos longos submetidos a temperaturas quentes.
Dicas para tutores
A médica veterinária Sibila Weidman dá algumas dicas para que seu pet não sofra com estresse térmico.
Acesso a sol e sombra: o animal precisa fazer sua regulação térmica. Assim, se tiver frio, ele vai ao sol; se tiver calor, vai para a sombra.
Conheça bem os pet shops: tenha o cuidado de conhecer o banho e tosa. Veja onde seu pet irá tomar banho, onde será secado, onde ele irá aguardar até você chegar.
Verifique como é o transporte: em caso de transporte de animal pelo pet shop, procure conhecer onde seu pet vai ser transportado e se o carro possui ar condicionado.
Dicas para estabelecimentos
Ventilador ou ar condicionado: especialmente em estabelecimentos de banho e tosa que possuem secadores, os espaços devem ser climatizados. Para isso, é necessário ter uma fonte de ajuda, como um ventilador ou ar condicionado.
Nunca deixe o animal sozinho na máquina de secar: o pet deve estar sempre supervisionado por um responsável e, ao primeiro sinal de desconforto, providências devem ser tomadas.
Entenda o caso
Três cachorros morrem em carro de pet shop, em Americana; causa provável é calor
A proprietária do pet shop pertencente à loja Agropet São Domingos, acompanhada da filha, buscou os três cães na casa da família às 9h20 do dia 11 de setembro. Eles passariam por banho e tosa e deveriam estar de volta às 12h, segundo o advogado.
Até as 16h20, os animais ainda não haviam retornado. O filho da tutora, então, questionou a dona do estabelecimento pelo WhatsApp, perguntando se havia acontecido alguma coisa e se estava tudo bem. Segundo o advogado, a resposta foi:
"Não está tudo bem (...) Eu [tô em] estado de choque. Eles morreram. Não sei explicar o porquê", escreveu a proprietária.
Às 17h, a mulher levou o corpo dos animais até a casa dos tutores. O filho da tutora pediu que eles fossem encaminhados para a clínica Univet, de confiança da família.
O caso foi registrado como ato de praticar abuso a animais no 1º DP de Americana.
A médica veterinária Patrícia Comelato recebeu os corpos dos animais em caixas de transporte e verificou que eles não tinham indício de maus-tratos ou violência.
A dona do banho e tosa teria mencionado a ela que chegou a deixar os animais por volta de 1h30 dentro do carro.
Patrícia, então, constatou que a provável causa da morte era hipertermia, descrito por ela como calor intenso.
Luna, Fofão e Cristal morreram sob cuidados de pet shop em Americana (SP)
Arquivo pessoal
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