Jovem atropelado em Campinas volta à rotina após internação e mãe agradece médica de folga que o salvou: 'Anjo na nossa vida'
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Jovem atropelado no Cambuí volta à rotina após coágulo no cérebro
Após fratura no rosto, coágulo no cérebro e quatro dias internado na UTI, o jovem de 20 anos atropelado na calçada de um bar no bairro Cambuí, em Campinas (SP), retomou a rotina de estudos e trabalho. O resultado da situação que deixou Walter Augusto Guimarães Carvalho entre a vida e a morte poderia ser diferente se não fosse a intervenção de uma médica de folga que o socorreu.
Nesta sexta-feira (10), o acidente completa dois meses. O g1 conversou com a mãe do jovem, Sandra Leal Guimarães, para entender o estado de saúde de Walter. Ela informou que ele não ficou com sequelas, e atribui a recuperação do filho à presença inesperada da médica, Larissa Sande, no local.
Nascida na Bahia, Larissa faz residência em cirurgia geral em São José do Rio Preto (SP), mas estava em Campinas para visitar o padrinho e havia decidido, de última hora, jantar em um restaurante próximo ao acidente. A médica chegou ao local três minutos antes de ele ocorrer.
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“Ela impediu que ele engasgasse com o sangue. Ela impediu que ele levantasse. Ela impediu o sangramento maior na cabeça, com compressas com toalha. Enfim, ela foi um anjo da nossa vida, sem dúvida nenhuma.”, disse a mãe.
Ao ser atropelado, o rapaz bateu a cabeça no chão, teve uma fratura no rosto e precisou de 15 pontos. Ao g1, Walter contou que não se lembra do momento do atropelamento e que ficou sabendo dos detalhes por meio dos amigos que estavam com ele no bar.
Dois meses depois do acidente, o jovem afirma que conseguiu retomar a rotina, apesar de, no início, ter sentido tonturas.
“Só que no começo eu tava sentindo um pouco de tontura, não sei se era porque eu tinha ficado quatro dias na cama, deitado. Mas, eu até que consegui voltar na rotina normal. Voltei para faculdade, achei um trabalho, tá tudo certo já”, afirmou o estudante.
O jovem explicou que ainda não conseguiu agradecer a médica pela ajuda, mas que, mesmo sem lembrar dos detalhes, tem gratidão pela ação de Larissa naquela noite.
"Me falaram que a médica provavelmente salvou minha vida, ou me salvou de alguma sequela, alguma coisa assim, porque foi essencial os primeiros socorros lá mesmo. Ela conseguiu estancar meu sangramento, tudo, eu sou muito grato por ela", disse Walter.
Segundo Sandra, os médicos da UTI reforçaram que a intervenção rápida de Larissa foi crucial para salvar a vida do jovem.
Coincidências
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Arquivo pessoal
Larissa lembra que nunca esteve em Campinas e só comprou a passagem três dias antes da viagem para conseguir visitar o padrinho no Dia dos Pais.
“Foi uma junção de acontecimentos. Era improvável eu estar ali para ajudar o filho dela, a gente não estava naquele restaurante, a gente chegou três minutos antes de tudo acontecer, quando eu ouvi a gritaria eu nem tinha sentado na mesa”, relembrou a médica.
Larissa conta que quando encontrou o jovem ele apresentava um trauma de impacto na cabeça, sangramento intenso e estava muito confuso.
Por ser médica residente em cirurgia e já ter atuado em ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), ela explica que está acostumada a lidar com pessoas acidentadas, mas assustou ao ver a cena por não esperar que aquilo pudesse acontecer naquele momento.
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Segundo a ela, o restaurante forneceu uma luva para ela prestar o primeiro atendimento. A partir de então, até a chegada do Samu, ela conta que foi fazendo o possível para estancar o sangue e imobilizar a coluna cervical para evitar lesões.
"Sempre que tem trauma craniano tem risco de vida, e só com o exame físico externo a gente não consegue garantir que não tenha. Foi o que aconteceu com ele. A mãe depois me contou que ele realmente teve um sangramento intracraniano por conta da pancada, mas naquele momento que ele estava comigo eu não saberia dizer."
'Senti um apagão', diz jovem
Walter explicou ao g1 que estava no bar para uma despedida de uma amiga. "Estava eu, meus amigos e o pessoalzinho. Daí, do nada, senti um apagão na hora que a gente estava na calçada e acordei na ambulância".
"Aí o pessoal me explicou que sofri um acidente, que eu fui atropelado, o carro invadiu a guia, pegou a placa, pegou em mim, e por isso que eu fiquei desacordado", resumiu.
Experiência marcante
Apesar da rotina em hospitais e de já ter atuado em atendimentos de urgência, Larissa diz que a situação foi marcante.
Para a médica, o caso não foi somente mais um atendimento, mas sim uma chance de ver de perto o impacto da profissão na vida do paciente.
"Sempre que a gente atende, não espera agradecimento nenhum, só fazemos o que tem que ser feito, que é o nosso trabalho. E muitas vezes a gente não tem agradecimento nenhum. Dessa vez eu tive o agradecimento da mãe e eu não imaginava o quanto era importante até ela entrar em contato comigo", relatou Larissa.
Investigações avançam
O acidente ocorreu na madrugada de 10 de agosto, quando Walter foi atingido por um carro que invadiu a calçada de um bar no Cambuí, área nobre de Campinas. Ele foi socorrido ao Hospital de Clínicas da Unicamp e passou quatro dias internado na UTI. O motorista fugiu sem prestar socorro.
Segundo a Polícia Civil, o condutor do carro foi localizado e os agentes aguardam a vítima ser ouvida para concluir a investigação.
A mãe do jovem pede que o motorista seja responsabilizado e punido pelas ações tomadas na noite do acidente e principalmente por ter fugido sem prestar socorros ao filho dela.
"Foi tentativa de homicídio. Não foi um acidente. Ele pegou o carro e simplesmente jogou para cima. E se não fosse uma placa e duas guias um pouco mais altas, esse carro teria entrado, teria pego não só o meu filho, mas os amiguinhos, teria entrado no restaurante", disse Sandra.
*Estagiária sob supervisão de Arthur Menicucci.
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