Piloto que morreu em queda de avião receberia primeiro salário como instrutor de voo neste mês, diz mãe

  • 11/03/2025
(Foto: Reprodução)
Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 25 anos, morreu no acidente aéreo em Peruíbe (SP). Ele havia começado a trabalhar como instrutor de voo há um mês, após quase um ano como piloto de apoio no Aeroclube de Itanhaém (SP). Matheus Henrique Gomes de Toledo, de 25 anos, era instrutor de voo em Itanhaém (SP) Arquivo Pessoal Matheus Henrique Gomes de Toledo, o piloto de 25 anos que morreu em um acidente aéreo em uma aldeia indígena de Peruíbe, no litoral de São Paulo, receberia o primeiro salário como instrutor de voo neste mês. A mãe dele contou ao g1, nesta terça-feira (11), que o filho também estava trabalhando direto, ou seja, sem folgas. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. O avião de pequeno porte modelo Cessna 150J caiu por volta de 17h50 de domingo (9), na Terra Indígena Piaçaguera, em uma área que faz limite com Itanhaém, de onde a aeronave saiu. O voo era de instrução e o aluno que acompanhava Matheus sobreviveu. A causa do acidente será apurada pelas autoridades. Vídeo flagra avião rodopiando e caindo em cima de aldeia indígena no litoral de SP De acordo com a advogada Tais Elena de Souza Gomes, o filho foi contratado pelo Aeroclube de Itanhaém em fevereiro deste ano. “Esse ia ser o primeiro mês que ele pegaria o primeiro salário dele como instrutor de voo”, lamentou. Segundo a mulher, antes de ser instrutor, Matheus trabalhou aproximadamente um ano como piloto de apoio. Na época, ele trabalhava em longa escala e não recebia remuneração, pois almejava fazer o curso de instrutor de voo e, depois, integrar o quadro de funcionários. Já como instrutor, o objetivo do jovem era acumular horas de voo suficientes para ingressar em uma companhia aérea e se capacitar como piloto de aeronaves maiores. “Matheus estava [há] 34 dias sem folgar e trabalhando 17 horas por dia”, relembrou Tais, alertando para as condições de trabalho no local. Procurado, o Aeroclube de Itanhaém não respondeu sobre as denúncias. Matheus Henrique era muito amoroso com a família Arquivo pessoal Para Tais, o filho foi vítima de uma falha mecânica do avião, pois apesar do pouco tempo de serviço como instrutor, possuía experiência em voos e era muito responsável. "Quando ele estava como piloto de apoio, fazia alguns voos curtos com alguns alunos. Tinha experiência. Eram voos curtos, locais, por perto, para ir pegando o jeito mesmo porque a expectativa era entrar como instrutor de voo com uma certa bagagem, sabendo como explicar didaticamente”, relatou Tais. A advogada informou confiar na Agência Nacional de Avião (Anac) para esclarecimento das causas do acidente. Para ela, as autoridades precisam investigar as longas escalas de trabalho realizadas no Aeroclube de Itanhaém, bem como a manutenção dos aviões do local. “Meu filho não volta, mas pelo menos um pouco de conforto é capaz que nós teremos um dia”, finalizou. Avião rodopiou no ar antes de cair em cima de aldeia indígena em Peruíbe (SP) Reprodução Aeroclube Procurado pelo g1, o Aeroclube de Itanhaém não respondeu sobre as denúncias. A única manifestação sobre o acidente ocorreu por meio de uma nota de pesar nas redes sociais. "Perdemos não somente um excelente profissional, mas também um ótimo amigo que deixa um grande legado de personalidade brilhante. Que Deus o receba de braços aberto", diz a nota (veja na íntegra abaixo). Aeroclube de Itanhaém emitiu uma nota de pesar após acidente aéreo em Peruíbe (SP) Redes sociais Acidente A mãe de Matheus acredita que o piloto tenha colaborado para ajudar o aluno dele, que também estava na aeronave e sobreviveu. “Meu filho foi um herói. Ele salvou o aluno dele, que estava viajando e sobreviveu”, disse a mulher. Segundo Tais, o piloto era ótimo em pousos. “Era quase perito, pousava o avião sem tranco”, afirmou. Por isso, a família acredita que o acidente foi resultado de alguma falha mecânica. “Espero sinceramente que a Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] faça a investigação do que houve de fato. Posso quase apostar que não houve falha humana”, enfatizou. Bombeiros registraram destroços do avião que caiu em uma aldeia de Peruíbe (SP) Corpo de Bombeiros SP Para ela, o sobrevivente poderá ser uma forte testemunha do talento de Matheus enquanto piloto. “Vai poder contar o que houve lá em cima, o que aconteceu para que chegasse ao ponto de ter um pouso forçado dessa natureza. Não é uma coisa normal, ninguém pousa forçado manualmente porque quer”, finalizou. Em nota, a assessoria do Hospital Regional Jorge Rossmann informou que o paciente, de 24 anos, possui quadro de saúde estável e está recebendo o atendimento médico necessário. Destroços Em vídeo feito pelo Corpo de Bombeiros, é possível ver a aeronave destruída após a queda. As imagens mostram parte do painel do avião, bem como pneu, poltronas e diversas partes da carcaça da aeronave espalhadas pela mata (assista abaixo). Vídeo mostra destroços de avião que caiu em aldeia no litoral de SP O caso A aeronave emitiu um alerta às 17h42 e, segundo o Corpo de Bombeiros, caiu por volta das 17h50, na divisa com Itanhaém (SP). O resgate do sobrevivente durou aproximadamente três horas. O Corpo de Bombeiros informou ter deslocado 15 agentes em cinco viaturas para a ocorrência. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgente (Samu), o Departamento Municipal de Defesa Civil de Peruíbe e a PM também foram acionados. Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o avião atingiu a aldeia Awa Porangawa Dju, terra Indígena Piaçaguera. Nenhum indígena se feriu, mas as árvores que caíram com o acidente obstruíram a estrada de acesso às moradias. Em nota, a Força Aérea Brasileira afirmou que investigadores do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA IV), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), localizado em São Paulo (SP), foram acionados para a 'Ação Inicial' da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-AKY. Durante esta etapa, de acordo com a FAB, são aplicadas "técnicas específicas por profissionais qualificados e credenciados, responsáveis pela coleta e confirmação de dados, preservação dos elementos, verificação inicial dos danos causados à aeronave ou pela aeronave, e pelo levantamento de outras informações necessárias à investigação". Avião cai em aldeia indígena e deixa um morto e um ferido no litoral de SP g1 VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos

FONTE: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/03/11/piloto-que-morreu-em-queda-de-aviao-receberia-primeiro-salario-como-instrutor-de-voo-neste-mes-diz-mae.ghtml


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