Ultrassom em serpentes: a tecnologia médica que ajuda a conservar espécies

  • 09/10/2025
(Foto: Reprodução)
Pesquisadores do Butantan explicam sobre exames e importância deles na saúde dos répteis Renato Rodrigues/Comunicação Butantan Pode parecer curioso, mas o mesmo exame usado para acompanhar a gestação humana também é aplicado em serpentes. No Instituto Butantan, referência mundial no estudo desses animais, o ultrassom se tornou uma ferramenta essencial para compreender a reprodução das espécies e garantir a continuidade dos programas de conservação. A pesquisadora científica Kathleen Fernandes Grego, do Laboratório de Herpetologia, explica que o exame é realizado entre setembro e março - período reprodutivo das serpentes - em indivíduos recém-chegados ao Instituto. O objetivo é identificar se as fêmeas estão prenhes e acompanhar o desenvolvimento dos embriões. Filhotes de jararaca nascidos no Butantan José Felipe Batista/Comunicação Butantan Na primavera de 2024, o ultrassom confirmou a gestação em cinco fêmeas: uma jararaca-pintada (Bothrops neuwiedi) com dez embriões, duas cascavéis (Crotalus durissus) com seis embriões cada e duas urutus-da-serra (Bothrops alternatus) com dez e onze embriões, respectivamente. "Através do exame temos como saber se a prenhez é inicial, quando observamos apenas um botão embrionário, uma fase intermediária, quando já conseguimos evidenciar o formato do embrião e os batimentos cardíacos ou uma fase mais avançada, quando já conseguimos observar claramente a coluna vertebral, o coração e o fígado, principalmente. Como as serpentes podem armazenar os espermatozoides em seu trato reprodutivo por vários anos, nunca sabemos ao certo quando a fecundação ocorre. Contudo, através do exame ultrassonográfico temos como dizer a semana do nascimento, pois é quando constatamos a ausência de vitelo que circunda o feto", explica Kathleen. Equipe realiza exame de ultrassom em jararaca prenha Renato Rodrigues/Comunicação Butantan Quando a prenhez é confirmada, a fêmea deixa de ser submetida à extração de veneno até o parto. Elas permanecem no mesmo recinto para evitar estresse e passam por ultrassonografias mensais para monitorar o desenvolvimento dos filhotes. A alimentação continua normal, com a oferta de roedores uma vez por mês. Durante os exames, é possível também estimar o número de filhotes em espécies vivíparas, como jararacas e cascavéis, que dão à luz filhotes já formados e envolvidos por uma membrana. Equipe de biólogos do Butantan Renato Rodrigues/Comunicação Butantan "Durante o exame ultrassonográfico das jararacas (Bothrops) e cascavéis (Crotalus) que são vivíparas, ou seja, os filhotes já são paridos à semelhança da mãe, envoltos por uma fina membrana, já temos como saber a quantidade de filhotes que irão nascer e a quantidade de ovos não fecundados. Contudo, algumas vezes um ou dois filhotes podem nascer mortos. Em relação às fêmeas ovíparas (aquelas que põe ovos), podemos dizer quantos ovos ela possui antes de fazer a postura, mas não a quantidade que está fecundada ou não, pois a casca do ovo prejudica a visualização pelo ultrassom", detalha. Nascimento dos filhotes de jararaca José Felipe Batista/Comunicação Butantan Como as serpentes não apresentam cuidado parental - ou seja, não cuidam dos filhotes após o nascimento - os recém-nascidos são levados para a sala ‘berçário’, onde permanecem até os três anos de idade. Lá, são mantidos individualmente e alimentados a cada quinze dias no primeiro ano e, depois, mensalmente. Ao completarem três anos, são transferidos para as salas de produção de veneno, onde as extrações ocorrem a cada dois ou três meses. Curiosamente, o ultrassom, hoje indispensável na medicina humana, nasceu de outra missão. No início do século XX, suas ondas sonoras foram usadas para observação submarina e, mais tarde, aprimoradas durante a Segunda Guerra Mundial para detectar submarinos inimigos. A partir da década de 1940, a tecnologia passou a salvar vidas na medicina — e, décadas depois, ganhou um novo propósito: ajudar a preservar a biodiversidade. Filhotes de jararaca recém-nascidos José Felipe Batista/Comunicação Butantan No Butantan, essa mesma ferramenta que revela batimentos cardíacos humanos também mostra o pulsar da vida em serpentes - um elo entre a ciência, a saúde e a conservação da natureza. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/10/09/ultrassom-em-serpentes-a-tecnologia-medica-que-ajuda-a-conservar-especies.ghtml


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